Comunidade Livre de Pasárgada
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CENTURICÁRIAS
por MOSTRADAMUS.


I
No tempo sobrado, secreto estudo,
Pelado rato operando janela
Frente à chama fria que nos mostra tudo,
Recontei o que nem sempre se revela.
II
O copo graduado fada reflete,
Com os dedos nas letras faz seu fabrico.
Mágica varinha que no ar remete
Sua fala do sul, com casulo rico.
III
O Leão coroado veste a toga,
Estratégica de reta faculdade.
Calejado no posto que lê e roga,
Esconde presas, sorri maturidade.
IV
O plantador de favas, duplo celeiro,
Vibrar sua faca é difícil pedra.
Com um terço, duas vezes o primeiro,
Com o pesado, o zênite não medra.
V
Como um urso, valente e atento,
Procura novas terras, sem ter o mapa.
De fala fácil, vence tempo sangrento,
Alado, ao voar, nada lhe escapa.
VI
Martelo que bate no ferro em brasa,
De olho vendado, quer sempre acertar.
No a ß ?, e e-f-t, tem sua casa,
O líder corcunda sabe bem manejar.
VII
Quando pacífico ao Nadir oposto,
Na vila o crente de preto pintado
Se fará ouvir, sotaque ao seu gosto.
Do filho do Sol virá pai ajuizado.
VIII
O hebreu, curado por Deus, gameleira
Plantará, mais sete reunidos em paz.
Da torre xadrez, a alva cabeleira
Recorda o passado, estrelas por trás.
IX
De fato, a pérola azul e branca,
Morada do amigo canta bandeira,
Comanda o colar, com origem franca.
Onde o peito pulsa sem tremedeira.
X
Esse de dupla natureza, alado,
Lupus no lúpulo, losna destilada,
Servo etrusco cinema enfurnado.
Esperando calado por sua amada.
XI
Senhor da Fortaleza, súdito moço,
Valente no barco do rio da montanha.
Presente na luta feito um colosso,
E contudo conquista sempre na manha.
XII
Leão, chegou no dia um sete sete,
De latim inestimável, reduzido.
Calado, pero habla se na enquete,
Com mais quatro, novo teto têm erguido.
XIII
Ousado protetor, jovem senhor do ar,
Das praias da ilha, antiga Desterro,
Abre casa no Inverno, com scotch no bar.
Interessado, quer distância do erro.


XIV
Gente especial que escreve do Rio,
Sereia voadora, canta, encanta,
Administra, busca alimento sadio,
Conhece rima, até parece santa.
XV
De Nantes, veio Jacó, um dia ditador,
E, de fato, zelador do esqueleto.
Do coração do mundo, é um defensor,
Escriba meio silente, do quarteto.
XVI
Do germânico inteligente, leito
Italiano, de xadrez revestido,
Cavalaria ligeira, soldado feito,
E no comando da luta investido.
XVII
Pégaso novo, de vôo calculado,
Na mão do bispo, reza seu nome na cruz.
Na torre, o foguete a ser lançado,
Alado, como um Rei a liga conduz.
XVIII
Jasão alado busca velo de ouro
Volitando por sobre rio represado.
Jovem casado, casa causa estouro,
Embora fique muito tempo calado.
XIX
Vinda de nosso Mar da Tranqüilidade,
Tornou-se ápice, ponto culminante.
Canto ímpar, pela singularidade
Dupla súdita filipina falante.
XX
Italiano, nascido de valente,
Perto de Jaime ou Jacó é chamado.
Nascido de fato, do sul descendente,
Muito corretamente tem estudado.
XXI
O defensor de intrépido coração,
Wilhelm Wallis, foi criado no inverno.
Atiçado, botou fogo no casarão,
Ajudando todos, vestindo seu terno.
XXII
De segunda a sexta vendeu seu peixe
O russo Jorge e que é gente nova.
Hoje bem calado, antes sem desleixe,
Quem sabe a esperança se renova.
XXIII
Seu juiz é o alado deus da lua,
Que se vai e volta ao sabor do vento.
O mundo se esvai e ele na sua,
Primeiro falante, tudo ao seu tempo.
XXIV
Do eslavo nasce filho amoroso,
Ganha ilha do herói de Tapanhumas.
Corrige nome da Filha, Pai zeloso,
Arquiteto-mór, o barroco arrumas.
XXV
Pousa o galo num Círculo de Pedra,
Em Aberdeenshire, no frio do Inverno.
O rosto de papel da garrafa medra,
Da casa nova, faz o papel externo.
XXVI
Brilhante pela fama, aço cortante,
Flor alada e de intensa beleza.
Vinda do alto da Cruz, do sul distante,
Negro azul branco veste a princesa.
XXVII
Do germânico, poderoso e rico,
Imperador, do romano, mora no sul.
No nada etéreo, deixa seu fabrico,
Melhor que briga, prefere tudo azul.
XXVIII
Guerreiro famoso de fato, valente,
Com nome e sobrenome de lutador.
Mudo na retaguarda, passa à frente,
Cantando a vitória do renovador.
XXIX
As famílias no Inverno se protegem
Usando mantas grossas, quadriculadas.
No berço, Atena os seus a elegem
Com letras, estrelas, e telas pintadas.
XXX
Governar seu nome, Elsenore seu lar.
O pilar de Aniwa venceu o tempo,
Ditou história, suportou o frio do mar.
No tabuleiro, volta seu pensamento.
XXXI
Da casa do oriente, ama o mar,
A brisa e o povo que mora ali.
E, alada, foi a primeira a voar,
E, ao voar, deixou triste seu javali.
XXXII
O Filho da visão, segundo o hebreu,
Do alto de frutífero arvoredo,
Voou, buscou em Dédalus um canto seu.
Sonhou em paz, seu valor teve sem medo.
XXXIII
Do papai russo, toda ela argentina,
Criou asas que usa, sempre a voar.
Quatro filhas e um sonho na retina,
Quem sabe um dia, para cá possa voltar.
XXXIV
Fera alada, esculpida em gusa,
Cantou na terra de Iacchus, por seu mundo.
Na foto, loiro alto, toga não usa,
Hoje calado, no silêncio fecundo.
XXXV
Do grego o que dos homens se defende,
Original dos lados de Albacete,
Às terras que Shakespeare recomende,
Por sítio do inverno ganha confete.
XXXVI
Do alemão famoso com a espada,
Olhos puxados e vendados pela lei.
A túnica preta, tão bem envergada,
Desconhece quem é mais amigo do Rei.
XXXVII
Jovem idoso, brilhante e escuro,
Escava novas terras, pedras lapida.
Vem, fica e volta, mas ainda no muro,
Conta a história, tanto debatida.


XXXVIII
Do mar de Veneza, por mouros tomada,
Surge poeta, ácida e amarga.
Cigarra mascada, festa acabada,
A formiga se vai, para nova carga.
XXXIX
Na fronteira do ninho, a fortaleza,
Saúda os que chegam: da Guiana,
Com duas incógnitas, uma beleza,
Ou de Maverick, que o xis octana.
XL
Por Dédalus criada, em homenagem
Ao filho querido, pai dos alados ,
Nesta terra sem lei, por lei todos agem
Feito irmãos, felizes, interessados.
XLI
Helena, do riacho, observa muda,
O castelo que ajudou a levantar.
Outrora guerreira, hoje só estuda
Se, alada, um dia voltará a voar.
XLII
Aquele que segue nosso Nazareno,
Segurando a pequena margarida,
Voando, mostrou-se um alado pleno.
Hoje, mudo, no ninho pede guarida.
XLIII
Feliz, ditoso, da germânica vara,
Muito fez pela comuna, de coração:
Encontro de letras, a dica que sara,
Sumido, não se acha em nenhum cantão.
XLIV
O segundo, espanhol, teve o mundo,
Seguido pelo turco, que diz não virá.
Na pipa do Joe, Valquiria já no fundo,
Chegou até nós, calado ele está.


XLV
Líder britânico expõe no inverno,
Pablo, Leonardo, Claude, e Auguste.
Do óleo clássico, ou dito moderno,
Que a vida breve, a arte não suste.


XLVI
Guia uma casa, que se queira livre,
Mas vazia não se firma. Foi escolhido,
E de fato mesmo, o primeiro tigre.
Deixa novela e volta reunido.
XLVII
Em frente à carcaça está o leão,
Mas brigando com o brilhante escuro.
Embora dividissem mesmo coração,
Deixa falso mundo, ciclo sem futuro.
XLVIII
Vitorioso da cidade, se fia,
E de fato, um príncipe coroado.
Como outro andor melhor parecia,
Carregou embora o sítio montado.
XLIX
A brilhante estrela no mundo brilha,
E sua aura é toda cor de rosa.
Depois do mau agosto pega a trilha,
E deixa a terra menos luminosa.
L
A filha adotada, de cor vermelha,
E pelo irmão de Moisés dirigida,
Segue o obtuso caminho, na relha
De novos campos, de outra acolhida.
LI
Rubra esfinge, na rocha esculpida,
Em Beldicâz, enigma in decifrado.
Em frente aos javalis, tem dormida,
Um dia, segredo será revelado.
LII
O Escolhido para tudo garantir,
Que carimba acordos mundo afora,
Diversas línguas nos dentes, sem se ferir.
Explora, ignora, ora condecora.
LIII
No grande chapéu virtual desse globo,
Marcado palco para novo brinquedo.
Íons na cuca, corcunda do bravo lobo,
Cinco erres e rosa no arvoredo.
LIV
Música e imagens a nos conduzir,
Por um curto, inverídico passeio.
Dois irmãos se juntaram para produzir,
O que um deles teve por devaneio.
LV
Do cume gelado, no frio escocês,
A vista se dilata, brilham na tela:
Aldebaran, Auriga, Procyon, Pisces,
Plêiades, Órion, Libra e Capela.
LVI
O Falatório, quase sempre correto,
É palco de lutas e muito trabalho.
Às vezes, quando dorme, nem por decreto
Escolhe Rei ou Valete no baralho.
LVII
De mais um oráculo intrometido,
Com gente reunida, todas listadas,
Poços guardam passado, triste, divertido,
Virando tudo nossas terras sagradas.
LVIII
Letras alinhadas, às vezes rimadas,
Nascidas no passado e noutras mentes,
Ou mesmo próprias, queridas, mimadas,
Desfilam e dormitam, feito sementes.
LIX
Se pela nove, são oito essenciais,
Pelo primeiro, mais podem aparecer.
Da porta e das paredes estruturais,
Leis, papos, cerca, letra, bola, e fazer.


LX
De 7 foi para 3, para 5, para 4.
E pinote sumindo, junto com santa,
Sem caráter aninha, menor teatro.
O Santo, novo nome, ainda canta.
LXI
Naquela dita que estava no papo,
Já com o papo sério amortecido,
Surge a grande bola, onde o guapo
Aposta, mas a rosa que há vencido.
LXII
No começo, um quer dos irmãos ser o pai.
Mas sai borrado, naquele mau agosto.
No fim do vermelho tempo, Nora que cai.
Coração não mais palpita, de desgosto.
LXIII
A areia na ampulheta escorre
Ora lenta, ora não, feito mutante,
Em constante evolução, pára, corre,
No micro então, tudo fica gritante.
LXIV
Na casa da mãe ou na casa da nora,
Não há cercas, duas livres, um coração.
O mundo passa, e do povo é a hora,
Alguns de fora, nelas pouca distinção.
LXV
No centro vital do ninho dos alados,
Escondida a última flor do lácio.
Minutos de trabalho depositados,
E à espera de sair do prefácio.
LXVI
Febre passageira, que nos dá sono,
Câncer fatal, que todo corpo consome.
Talvez um café do pé nos faça dono,
Talvez nada cure, aí tudo some.
LXVII
Nove, cinco escolhem doze cadeiras.
Uma bela promessa de muitas linhas.
Tímido começo, de poucas chaleiras,
Quiçá cresçam fortes, duradouras vinhas.
LXVIII
Antes só uma carta, agora um par.
Temos um rei de paus, outro rei de ouros,
Procurando uma bela trinca formar.
A verdade é nosso maior tesouro.
LXIX
Oito fazem um que escolhe mais oito,
Que outros mais podem para si escolher.
No timão do barco, nunca ser afoito,
Na calmaria, bujarona estender.
LXX
Passa o tempo em sonho, simulação,
Onde poucos viram muitos, divididos
Pelos quatro cantos, unidos na canção.
Do estandarte, vivemos versos lidos.
LXXI
No Reino de Somavdra, lá todos voam,
Soltando suas penas por nuvem branca.
Sob a luz da lua, as teclas ecoam,
As folhas riscadas, a flor não estanca.
LXXII
A guiar primeiros passos lusófonos,
Na trilha virtual um porto se abre.
Pioneiros, mas às vezes monótonos,
Claros políticos, na ponta do sabre.
LXXIII
No céu azul, a láctea via cruzando,
Fraternos que se casam na igualdade.
De Fraga deflagra pano venerando,
Sóis louros da intelectualidade.
LXXIV
Eu não sou eu, mas por mim se faz mais de mim,
Dois, três, quatro, quantos eu quiser serão eu.
Eu não serei ninguém por ser todos assim,
Até que me descubram, me joguem no breu.


LXXV
O animal, outrora mais valioso,
A uns, caça, a outros, de estimação.
Lobo no arvoredo, lugar famoso,
Cresce a roda, noite em animação.
LXXVI
Em Marte, das coisas se vê a natureza,
Não exposta, mas oculta em mistério.
Incógnitas de Mangalavdra na mesa,
Números em transe, secreto critério.
LXXVII
Na grande família, de grego sotaque,
Tolond passa a Merávis a coroa.
Grande, enfeitada, quase sem ataque,
Seus filhos levam a vida numa boa.
LXXVIII
Muitas vezes acontecem, nos verbetes,
O mesmo não se dá quando fora deles.
Abraços que não são apenas colchetes,
Olhos nos olhos e beijos de verdade.
LXXIX
A comuna dentro de outra comuna,
Nem todos e também mais algum penetra.
Do filho do arregalado, tribuna,
Jogo de truko vicia, compenetra.
LXXX
A Maior, vinda das Ilhas Balleares,
Com a das maçãs, filha de Excalibur,
E as ilhas do Poema, novos ares.
Duas dormem, outra apaga abajur.
LXXXI
Uiva o lobo solitário, a rosa,
Rico canta fada alada, pop, rap, rock,
Danifica empolgada, vida prosa.
Mercúrio pede que Budhavara toque.


LXXXII
Os liquens multiplicam-se em profusão,
Pelas pontes que unem galhos e folhas.
Saberes guardados, com pouca confusão,
Num super-rápido weekend, e sem rolhas.
LXXXIII
O relojoeiro cria novo tempo,
Que as Ilhas da Paz resolvem adotar.
Um dois meia dot quatro, o incremento,
O dia todo por mil a se picotar.
LXXXIV
Rodolpho trará formigas, escorpiões,
Chegará feliz ao porto das Asas.
Cresce o arvoredo nos cumes, grotões,
Mais javalis manos remetem às brasas.
LXXXV
No som que sai da luz, alados se cantam,
Gorjeiam sobre o ninho tão querido.
Penas de fora também se alevantam,
Por prata, madrinha, xis enriquecido.
LXXXVI
A tela grande falada na pequena,
Brilha no escuro Brihaspativara.
No lume da lente, Júpiter encena,
Vida exagera, torce, açucara.


LXXXVII
Nos unidos, da famosa com iraxim,
Mais que escondida, porém sem segredos.
Cornucópia do tempo, viagem sem fim,
Porta entre os mundos, estar sem medos.
LXXXVIII
Estar aqui e acolá, mesmo tempo,
No sonho, a onipresença possível.
Ver dodôs reunidos, por passatempo,
Ler grego lá, junto em Paz ser visível.
LXXXIX
O sus scrofa, listadinho ao nascer,
The wild boar muito parece ser de paz:
Noturno, esperto, de bando, sanglier,
O chordata suidae estimado se faz.
XC
Denis, Beatriz, Maurício , Mariana,
E mais alguns reunidos no castelo.
Grande pompa, na festa palaciana,
Muitos chegam, muitos saem sem duelo.
XCI
Se o território de Santa Maria
Existisse de fato, pousado por lá,
No máximo inverno, lá estaria.
Sem canto, sem lugar, até sem patuá.


XCII
Embalsamados pela comunidade,
Paralisadas sombras de seus passados.
Outrora, pilares da sociedade,
Por ora, mudos, silentes e calados.
XCIII
Os quatro fantásticos tipos no prelo,
Tingem todo Poema com seus matizes.
Ora calados, ora franco duelo,
Retratos do dia a dia, das crises.
XCIV
Ter na conta fictícia nada vezes um,
Somando o tempo todo dedicado
Ao cubo, vezes fator ziriguidum...
Banco do Sonho não terá resultado!
XCV
De fora chegam e fazendo barulho
De guerra, de oficina ou novela.
De longe, parecem não mais que entulho,
De fato, encorpam caldo na panela.
XCVI
Noutras paróquias, há supostas batinas,
Que não passam de prelados simulados.
Nem Jeovah, livro sagrado, doutrina,
Alá ou ateus cá terão seus arados.
XCVII
Negro palmo a flâmula hasteará,
Pequeno tamanho, grande satisfação.
Na vida do Além, o sortudo terá
Uma lembrança desta Imaginação.
XCVIII
Mão que sai da tina, buraco não deixa,
Queimado o arvoredo, solo resta.
Um alado sai do ninho, mas sem queixa,
Tudo acaba, não eterna a festa.
XCIX
Mais cinco, dez ou cem, impossível saber,
Mas afinco de uns a fará perdurar.
Passam os poetas, poemas a dizer,
Novos arquitetos, mesma paz a sonhar.
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